El Niño e El Diablo

Há já 1 década ou mais alguém descobriu uma correlação entre a temperatura das águas do Oceano Pacífico, num ponto junto à costa do Peru, e a ocorrência de chuvas em excesso no Brasil e outros países. Eram causalidades localizadas, mas logo a tese foi transformada numa panaceia, a explicar tudo. Ora, com a altíssima Cordilheira dos Andes a impedir correntes de ar entre a costa do Pacífico e as terras a leste, El Niño só pode influenciar, no Brasil, o regime de chuvas da região sul, pressionando a zona de alta pressão da Antártida.

Vai-se desenhando a tese de que há duas Ciências: uma para o consumo e utilização pelos concorrentes na disputa amok pelo controle total do planeta, e outra para consumo e desinformação do populacho (o povão e a classe média, mesmo a classe média alta, dita “letrada”).

El niño passou a explicar tudo, transformando-se numa entidade mágica, a livrar os suspeitos habituais das responsabilidades pelos seus crimes. Aqui no Brasil, está servindo para apoiar a destruição ambiental sistemática perpetrada pelo complexo Agro-Boi, onde o Agro vai empurrando o Boi para a Amazônia e transformando os pastos do Centro-Oeste em lavoras exportadoras de soja e milho. E haja queimadas, para por abaixo as florestas e para limpar as áreas já desflorestadas e as pastagens improdutivas. E criticar essa colossal liberação de gás carbônico, aumentando o efeito estufa, tornou-se tabu, para não ferir suscetibilidades ideológicas, onde quem critica é taxado de “comunista”, uma vez que estaria tentando restringir, nos empresários, a liberdade para saquear a Natureza e os povos originários, e destruir o planeta, em nome de lucros imediatos.

Uma outra saída para a expansão do ar quente do El Niño seria a América Central, onde ele poderia influenciar numa primeira etapa o clima da Colômbia e da Venezuela, e apenas numa segunda etapa a Amazônia brasileira. Mas vemos que a seca atual não está atingindo aqueles países, mas apenas o Centro-Oeste e a Amazônia brasileira. O efeito não vem do sul ou do norte, mas da própria região afetada, onde ocorrem, há já alguns anos, portentosas queimadas.  

Deixe um comentário